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Esse era o mundo em que Ademir de Lima vivia desde a juventude. Quando tudo parecia fora dos trilhos, ele encontrou a porta de saída daquele inferno
Claudia Santos
Durante um acontecimento triste, Ademir Covodos de Lima descobriu que havia sido adotado ainda pequeno. “Quando a minha mãe adotiva morreu, ouvi minhas primas comentando que eu teria a oportunidade de conhecer a biológica. Esperei voltarmos do funeral e procurei saber se a minha família escondia algo de mim. Para a minha surpresa, aquela história era verídica.”
Esse foi mais um episódio que tornou a vida de Ademir um desastre. “Nos tempos de escola, eu batia nas crianças, pois ficava irritado se alguém me questionasse sobre essa mancha vermelha no meu rosto. Após a morte da minha mãe adotiva, as emoções ficaram mais afloradas, pois misturei rejeição e revolta por causa da mentira da minha família. Certa vez, levei uma faca para o colégio, com o intuito de ferir um menino, e acabei machucando o nariz dele. O colégio me encaminhou ao psicólogo, mas fiz apenas três sessões de terapia.”
O tempo passou, o pai de Ademir se casou novamente, mas o espírito de desavença continuava afligindo o rapaz. “Um dia, puxei a faca para a minha madrasta. Depois desse fato, fui morar na casa de uma irmã, porém a situação só piorou. Comecei a me envolver com pessoas de má índole. Nessa época, usei, inclusive, armas de fogo. Além disso, experimentei maconha, álcool e cocaína.”
Sentia necessidade de fazer coisas erradas
Mais uma vez, Ademir mudou de cidade para morar com o seu irmão, e conselhos nunca lhe faltaram. “A minha família me encorajava a ter uma vida digna, porém eu era revoltado, pois existia um vazio no meu coração. Nem amor-próprio eu sentia. Acredito que abri as portas para o inimigo. Soube que meu pai temia atender ao telefone e receber a notícia de que eu havia sido assassinado.”
Ademir só se afundava. “Vendia drogas e participava de rachas. Corria até 200 km por hora. Era destemido, mas, ao mesmo tempo, fazia coisas erradas a fim de me preencher.”
No caminho certo
Paralelamente à vida desregrada, Ademir deu andamento aos estudos, por incentivo do irmão. “Fiz 14 cursos profissionalizantes, comecei a trabalhar em uma empresa e logo fui promovido. Lá, uma senhora me adotou como filho espiritual. Ela me evangelizava e orava por mim. Por causa da ausência da minha mãe, eu compartilhava com ela alguns detalhes de minha trajetória. Porém, quando não queria ouvir as Boas-Novas de Cristo, aumentava a produtividade do equipamento, para ela não ter tempo de me falar de Jesus.”
Apesar da resistência, a Palavra foi ganhando espaço no coração daquele homem. “Ela me convidava para ir à Igreja e me evangelizava com o Jornal Show da Fé. Eu levava os exemplares [a publicação ainda era impressa] para casa e deixava sobre a mesa. Quem lia era a minha cunhada.”
Em um dos exemplares do JSF, havia um convite para uma reunião especial. “Meus familiares resolveram ir ao culto. Lá, eles se renderam a Cristo e buscavam pela minha vida. Um dia, minha sobrinha pediu que eu a deixasse na Igreja. Atendi a seu pedido e resolvi assistir à reunião. A palavra pregada foi sobre a bondade e o amor de Deus. Eu questionava por que Ele havia me deixado ser adotado. Contudo, no momento da oração, eu me senti diferente. Apesar do intenso frio daquela noite, um calor tomou o meu corpo. Comecei a sorrir e senti uma alegria inédita. Ali foi iniciada a minha transformação.”
Após três meses, Ademir decidiu permanecer naquele lugar. “Eu me rendi a Jesus em 2008, sendo purificado e liberto. Depois, fui consagrado a obreiro e, após alguns anos, a pastor. Foi bênção atrás de bênção! Sou casado e pai de três filhos”, conclui o rapaz, responsável pela IIGD em São Luiz Gonzaga (Rua Salvador Pinheiro Machado, 1.202), no Rio Grande do Sul.