Amanda Pieranti
O hábito de fazer o checkup anual sempre foi parte da rotina de Jerusa Nicodemus Ribeiro, 67 anos. Foi assim que, em 2017, ela recebeu o diagnóstico de câncer no seio direito. Diante disso, o médico recomendou a realização de uma cirurgia dentro de 15 dias. “Segundo o especialista, era um carcinoma invasivo, bem agressivo e que se espalhava rapidamente. Então, não podíamos esperar.”
Jerusa se lembra de que a terapêutica incluía 32 sessões de quimioterapia e 18 de radioterapia. “Quando eu soube disso, voltei à minha casa arrasada. Achei que não aguentaria passar por tanta coisa”, continua ela, ao detalhar o tratamento longo e capaz de abalar qualquer ser humano.
“O médico não podia garantir a cura. Ele me falava que eu teria de monitorar a minha saúde, por meio de exames, para ver se restava alguma célula cancerígena. Mas eu clamava ao Senhor, no meu quarto, pedindo a recuperação da minha saúde, e Jesus me fortalecia sempre com Sua Palavra.”
Obreira da Igreja Internacional da Graça de Deus em Peruíbe (SP), liderada pelo Pr. Dinei Spilla Dias, Jerusa se recorda de que, na ocasião da descoberta da enfermidade, foi convocada para auxiliar em uma campanha de R. R. Soares, que seria realizada na sede da Igreja, em São Paulo.
Ela participou do culto naquele dia. “Sentia que o milagre seria realizado ali, em Nome de Jesus. Durante a oração feita pelo Missionário, Deus me mostrou aquele ‘bicho’ do câncer morrendo dentro do meu seio. Senti que a cura começava naquele momento.”
Porém, Jerusa tinha consciência de que era preciso completar o protocolo médico. “Fui operada e tirei apenas um quadrante do seio. A cirurgia foi rápida. Deixei o centro cirúrgico sem dor. Não precisei nem esperar na sala de pós-cirúrgico para ser levada ao quarto.”
Jerusa continuou orando, pois não queria ser submetida à quimioterapia por temer as reações. “Orei ao Senhor em prol dessa causa, pois, na maioria das vezes, os efeitos colaterais são muitos. Mas o Senhor me livrou das quimios e reduziu o número de radioterapias a serem feitas. Graças a Ele, fiquei livre disso, para a glória de Deus. Sei que foi um milagre, e isso não dá para explicar, tem de vivê-lo.”
Jerusa é grata a Deus pela saúde restaurada. Ela faz questão de compartilhar seu testemunho para que outras mulheres continuem se cuidando e que, diante de um diagnóstico ruim, não percam a fé. “Permaneço firme com Jesus e fazendo o trabalho de obreira. É Ele quem me fortalece diariamente.”
Diagnóstico precoce salva vidas
Jerusa Nicodemus descobriu o câncer durante a realização de mais um checkup. Isso comprova a importância de toda mulher realizá-lo, com destaque para a mamografia.
“Diversos estudos mostram que, por meio de exames preventivos, é possível diagnosticar precocemente o câncer de mama, levando a um tratamento mais assertivo e aumentando as chances de cura. Realizar visitas periódicas ao médico e fazer um checkup anualmente, garantem às mulheres mais plenitude e qualidade de vida”, explica Flávia do Vale, ginecologista-obstetra e coordenadora da Maternidade do Hospital Icaraí (RJ).
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Brasil, excluindo os cânceres relacionados a tumores de pele não melanoma, o de mama é o mais incidente em mulheres. Para 2022, foram estimados 66.280 novos casos desse tipo que, se descobertos na fase inicial, aumentam as possibilidades de tratamento mais eficaz.
A mamografia de rastreamento, exame que deve ser feito em mulheres sem sinais e sintomas da doença, é recomendada para a faixa etária de 50 a 69 anos, a cada dois anos. “O diagnóstico precoce do câncer de mama aumenta a sobrevida das mulheres em comparação com o diagnóstico de tumores em fase avançada. O rastreamento diminui a mortalidade em cerca de 20% nas pacientes dessa faixa”, explica a médica.
No entanto, Flávia do Vale adverte que o público feminino mais jovem também precisa estar atento e procurar o médico, caso perceba quaisquer sinais diferentes nas mamas. São eles:
• Presença de caroços fixos e indolores;
• Alterações no mamilo;
• Pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço;
• Presença de líquido anormal dos mamilos.
A médica ressalta que, atualmente, não se recomenda o autoexame periódico como método para rastreamento do câncer de mama, pois ele é ineficaz em detectar lesões em fases precoces da doença.
“A mulher deve ser estimulada a conhecer o que é normal em suas mamas e a perceber alterações suspeitas de câncer, por meio da observação e palpação ocasionais no local. Estar familiarizada com a aparência e a sensação de seus seios pode ajudá-la a notar sintomas, como nódulo, dor ou mudanças no tamanho, que podem ser preocupantes”, explica Flávia do Vale.
A ginecologista-obstetra ressalta, ainda, que as mulheres de alto risco, com base na história familiar e no exame genético, devem ser submetidas a rastreamento anual de câncer de mama. “Com a mamografia começando dez anos antes da idade de diagnóstico do parente mais jovem.”
A médica menciona também outros cuidados fundamentais à saúde feminina. “Além dos exames preventivos, os hábitos saudáveis, como ter uma alimentação rica em legumes e verduras, praticar atividade física regulamente, evitar o tabagismo e o consumo exagerado de bebidas alcoólicas e controlar o peso corporal, ajudam a reduzir o número de casos e, consequentemente, de mortalidade.”