Amanda Pieranti e Claudia Santos
“Agradecemos ao Senhor por Coutinho ter sido uma pessoa destemida. Ele era um bravo de Cristo, enfrentava qualquer situação difícil. Graças a Deus, pois, assim, a obra feita por ele prosperou.” Essas palavras foram ditas pelo Missionário R. R. Soares durante o sepultamento do apóstolo Samuel Coutinho da Fonseca, no dia 3 de agosto, no Cemitério do Pechincha (RJ). Aos 82 anos, Coutinho morreu em decorrência de infecção generalizada, após enfrentar complicações de uma pneumonia.
Diante de familiares, amigos e membros da Igreja Cruzada do Caminho Eterno, denominação da qual Coutinho era dirigente, R. R. Soares destacou que o apóstolo já estava nas mãos do Senhor. “Se Jesus vier amanhã, ele ressuscitará antes de sermos transformados, pois os mortos ressuscitarão primeiro em Cristo.”
O líder da Igreja da Graça relembrou alguns episódios vivenciados ao lado do seu amigo há mais de 40 anos. No início da jornada no Evangelho, em 1975, R. R. Soares e Coutinho foram consagrados juntos ao pastorado pelo Missionário Cecílio Fernandes. “O Senhor nos uniu para fazer a obra. Louvo a Deus por tê-lo conhecido”, reconhece.
Um fato marcante aconteceu quando os dois estavam na Cruzada do Caminho Eterno. “Depois de a igreja ficar vazia por dois meses, eu me lembro de chegar uma senhora, aparentando estar com nove meses de gestação. Quando fizemos uma oração, a barriga dela murchou. Era um espírito maligno. Nós o expulsamos, e ela ficou liberta. Após aquele dia, as pessoas perguntaram sobre o ocorrido, e, no sábado seguinte, o templo superlotou e não parou mais de encher.” Outro episódio de cura e libertação, citado pelo Missionário, ocorreu em um hospital, aonde o líder da IIGD foi visitar um primo internado. “Quando eu e Coutinho oramos, ele ficou curado. Outros enfermos viram o que aconteceu e pediram que orássemos por eles. Fizemos duas filas, eu fiquei em uma, e o apóstolo, na outra. Enquanto orávamos, o diabo se manifestava, e nós o expulsávamos. Na semana seguinte, minha tia retornou à unidade de saúde, e um doente perguntou se podíamos voltar, pois, quando o médico chegou para avaliar os pacientes, deu alta a todos.”
Sempre prontos para pregar
O Missionário R. R. Soares iniciou seu ministério como evangelista. Ele ia às praças e ruas das comunidades do Rio de Janeiro e projetava filmes com mensagens do pregador T. L. Osborn.
Julgando-se tímido demais para falar em público, R. R. Soares começou a pregar nessas ocasiões por insistência de Coutinho, que criava oportunidades após a exibição da película.
Mais tarde, eles passaram a usar espaços alugados para ministrar a Palavra. Logo, o trabalho evangelístico prosperou, mas, ouvindo a voz do Senhor, cada um seguiu seu chamado ministerial e decidiu conduzir separadamente a obra de Deus. Em 1977, o Missionário Soares alugou salas de cinemas desativados, transformando-as em templos. Assim, nascia a Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD).
Neto assumirá a igreja
Com o falecimento do apóstolo Samuel Coutinho, o neto Daniel Rodrigo, 26 anos, ficará à frente da Cruzada do Caminho Eterno. “Estivemos próximos nos últimos dois meses, e meu avô, que considero como um pai, orientou-me sobre tudo. Eu já tinha um chamado pastoral. Deus nos capacita, e o Espírito Santo tem confortado o meu coração. Em Filipenses 1.21, Paulo diz que o viver é Cristo, e o morrer é lucro. E meu avô dedicou a vida ao Reino. Não o vi sem pregar um domingo sequer. Vou seguir e honrar o legado dele”, afirma.
De acordo com Marta Coutinho, mãe de Daniel e filha do apóstolo, o rapaz foi consagrado pelo avô ainda no ventre. “Desde sua conversão a Jesus, ele foi preparado para esse propósito. Por isso, dará continuidade à obra.”
Emocionada, Marta falou do quanto Coutinho representa para ela. “Ele foi o maior homem que conheci na Terra. Tenho muito orgulho dele. Com quatro anos, eu o vi fundar esta igreja e aprendi que Jesus é o Caminho. A palavra mais proferida por ele foi o Nome de Jesus. Assim, eu me encontrei em Cristo e creio que meu pai está feliz na presença de Deus.”
“Eu era criança e já ouvia suas histórias, como a de um grande avivamento em um hospital, onde Deus libertou e curou os enfermos. Eu o enxergava como João Batista, antecessor de Jesus, que levava a Palavra aos necessitados. Ele teve uma vida simples, mas temente ao Senhor. Acumulou experiências com o Altíssimo e recebeu o chamado para fazer a diferença. E, por meio dessa obra, vários ministérios surgiram, e muitos homens estão levando o Evangelho a toda criatura. Pessoas foram transformadas. Meu pai sempre será lembrado como alguém que ajudou multidões. Um dos desejos dele era que, quando Deus o recolhesse, todos se alegrassem e louvassem, pois ele tinha a certeza da salvação.”
Samuel Coutinho Júnior – No sepultamento, o filho cantou louvores, como o bastante conhecido Segura na mão de Deus
“Começamos no evangelismo de rua na década de 1970. Eu tinha 14 anos quando vi Deus operando por intermédio de Samuel Coutinho. Ele era uma pessoa simples, no entanto, constantemente tocado pelo Altíssimo. Um homem fiel, dedicado ao Evangelho e de enorme intimidade com o Pai. Grandes pregadores foram inspirados por ele.”
Leôncio Carmo dos Santos (amigo)
“Ele orou por mim quando eu era criança. Mais tarde, o filho dele se tornou meu amigo, e Coutinho costumava me falar palavras que me inspiravam. Sempre fui próximo à família e ouvia suas histórias. As experiências que ele me passava serviram como exemplo e despertaram em mim a vontade de carregar também aquela unção. Ele foi um pastor desbravador, um gigante do Evangelho.”
Jacó Tavares, pastor da Igreja Semeando a Fé e amigo da família
“Sou membro da igreja dirigida por Samuel Coutinho há dois anos, e o aprendizado que ele deixa para nós é o seu legado de fé: temos de buscar a Deus. Ele inspirou grandes líderes do Evangelho e as gerações futuras. O seu exemplo foi de humildade, dedicação e fidelidade à obra.”
Cristiane Cunha, membro da Igreja Cruzada do Caminho Eterno