Amanda Pieranti
Qual mãe já não flagrou seu filho pequeno falando ou se comportando como ela? Provavelmente, muitas já viveram essa experiência interessante de espelhamento com seus herdeiros.
Segundo a psicóloga Renata Ribeiro, isso acontece porque a mãe é a primeira referência na infância e grande responsável pela formação da criança desde o nascimento.
“Ela é uma grande influenciadora. Todas as emoções e todos os sentimentos dela se refletem na vida dos filhos. Portanto, ao nascer, o bebê é como uma caixinha vazia, e os valores, saberes e conhecimentos transmitidos a ele, principalmente pela mãe ou pelos cuidadores imediatos, serão internalizados. Dessa maneira, ele vai se formando conforme os ensinamentos recebidos”, observa a terapeuta.
A profissional salienta a importância de a mãe ser um bom modelo comportamental. “A criança aprende mais com quem cuida diretamente dela. E, na maioria dos casos, é a figura materna. Por isso, é comum ela seguir seu exemplo. Isso inclui a fala, os princípios, o modo de agir, as crenças e os fatores emocionais e cognitivos. Estes se desenvolvem até a fase adulta. Contudo, é na época escolar que a identidade é formada, com influência de outras pessoas com as quais se tenha vínculo pessoal e social”, observa a psicóloga.
Renata Ribeiro destaca que os ensinamentos passados pela mãe sempre serão considerados. “A criança formará a sua individualidade e subjetividade a partir de outros grupos de sua convivência. Porém, o exemplo positivo vem de casa e será uma referência, um porto seguro, onde eles poderão encontrar acolhimento, amor, aconchego e bons conselhos.”
Replicadoras de valores
De acordo com Renata Ribeiro, com a facilidade de acesso ao mundo virtual e às informações, a mãe deve ter em mente seu potencial como educadora. “Esse papel não deve ser deixado para o colégio, pois não é dele essa função primordial. Entretanto, quando o ensinamento não vem da família, a criança aprenderá com os amigos, na rua e na internet. Assim, as mães devem abordar os assuntos de acordo com a idade e curiosidade do filho.”
Além do mais, a especialista orienta que, no dia a dia, valores essenciais, como a empatia e o amor ao próximo, sejam cuidadosamente repassados aos pequenos. “O mundo já transborda ódio. Se o filho observar boas atitudes vindas da mãe, tenderá a repetir esse comportamento.”
Missão cumprida
Maria Fátima do Nascimento Melo sempre prestou atenção à sua conduta para dar bom exemplo à prole – dois casais, hoje adultos, e dois enteados. “Eles acabam se espelhando em mim. Eu lhes transmiti os mesmos valores que aprendi com meu pai”, assinala.
Ela detalha essa ligação entre mãe e filho: “Eu os criei frisando a importância de serem honestos e verdadeiros, ensinando-lhes bom comportamento e orientando-os a estudar, a fim de que levassem isso para a vida deles e aplicassem às suas famílias. Após a minha conversão ao Evangelho, mostrei-lhes os caminhos do Senhor, levando-os à Igreja”.
A empatia e o amor ao próximo, mencionados pela psicóloga Renata Ribeiro, também estão na “cartilha” de Maria Fátima. “Valores raros nos dias atuais, mas que, graças a Deus, permanecem com meus filhos. Se estamos no ônibus e tem alguém precisando se sentar, eles se levantam e cedem o lugar”, afirma.
A forma como ela e o esposo, Antonio Wilson de Melo, convivem também foi um modelo a ser seguido. “Um dos meus maiores orgulhos é ter ensinado isso, pois vejo como meus filhos casados tratam seus cônjuges.”
Maria Fátima tem a sensação de dever cumprido. “Dediquei minha vida a eles, que se tornaram adultos exemplares. Eu estava junto deles a todo momento, ensinando-os e orientando-os. Caso não soubesse a resposta, eu me informava para poder conversar.”
Seguindo os passos maternos
E a história vai se repetir com o filho de Maria, João José do Nascimento Melo, de 22 anos. Ele ainda é solteiro, mas deseja passar adiante a herança educacional recebida da mãe. “Desde pequeno, aprendemos a ser honestos, levar a sério os estudos, ser solidários e empáticos. Inspirado no que aprendi, pretendo criar meus filhos sendo presente, sabendo ouvir e aconselhá-los. Sempre tive muito diálogo com meus pais, então agirei assim”.
João segue os passos da progenitora, pastora auxiliar da Igreja Internacional da Graça de Deus em Nova Iguaçu 1 (RJ), liderada pela Pra. Monica Terrigno. “Com cinco anos, eu fui à Igreja. Minha mãe fazia a obra do Senhor e se tornou um exemplo de fé e dedicação ao ministério, intercedendo, falando da Palavra e nos ensinando o caminho do Altíssimo. E isso também foi muito importante para mim”, conclui.