Amanda Pieranti
Os adultos necessitam de uma boa noite de descanso para manter a saúde física e mental em dia. As crianças também. No entanto, muitos pequenos têm sofrido de insônia, sem os pais perceberem. O artigo acadêmico Distúrbios do sono na infância, de 2018, estima que entre 20% e 30% da garotada, de qualquer população, apresente alguma alteração do sono até a chegada da adolescência.
Segundo Laura Pires, membro do Conselho de Psicologia do Sono, da Associação Brasileira do Sono, esse distúrbio pode causar, entre outras sequelas, obesidade infantil, mas, principalmente, problemas emocionais. “Crianças que dormem mal podem ter dificuldade em regular suas emoções. Ficam irritadas, ansiosas e não lidam bem com frustrações. Isso repercute no aprendizado. Ao longo do tempo, essas questões podem se tornar crônicas e deixá-las mais vulneráveis”.
De acordo a National Sleep Foundation, fundação americana de estudo do sono,um recém-nascido dorme entre 14 e 17 horas. Já crianças de 1 a 2 anos, de 11 a 14 horas, reduzindo para 10 a 13, 9 a 11 e 8 a 10 entre pré-escolares, escolares e adolescentes, respectivamente.
Causas do distúrbio
Laura Pires explica que a insônia infantil é caracterizada por vários aspectos. “Um deles é a criança relutar em dormir. De que forma? Pedindo um abraço, um beijo a mais, um copo d’água, ou mesmo se debatendo, não querendo se deitar. Outro ponto é quando ela acorda à noite e não volta a dormir”.
Como explica a psicóloga, é normal acordarmos nesse período, mas logo pegamos no sono novamente. Porém, quando o problema se repete, por cerca de três meses, os pais devem ficar atentos, porque é sinal de insônia.
Afinal, o que pode causar essa disfunção? George Pinheiro, otorrinolaringologista e especialista da Associação Brasileira do Sono, afirma: “Afastadas as causas médicas que justifiquem a perda do sono, há uma questão comportamental muito associada ao problema”. A terapeuta Laura concorda e pontua: “O sono é regulado por fatores biológicos, comportamentais e sociais”.
“Praticamente deixei de viver”
Ana Júlia Miranda Dias sempre foi uma criança saudável. No entanto, aos oito anos, começou a sofrer de insônia. Vítima de bullying físico na escola, ela ficava sem dormir durante a noite pensando em uma maneira de faltar à aula. “Tomei aversão ao colégio, pois só conseguia ser amiga dos outros alunos se fizesse tudo o que eles mandavam. Quando me recusava, apanhava. Porém, escondia isso dos meus pais”.
Nesse período, o comportamento da menina mudou completamente em casa. “Só queria ficar no quarto, quieta, sem dormir. Virava as noites acordada. Um dia, resolvi falar para meus pais sobre a violência sofrida na escola. Eles procuraram a direção e relataram os fatos. Contudo, nada foi feito. Então, mudei de colégio e quase repeti de ano”.
Segundo Ana Júlia, apesar da mudança de ambiente e do fim do bullying, o sono não voltou. “Praticamente deixei de viver. Fiquei sem ânimo para nada. Vivia com olheiras e abatida. Perdi a vontade de fazer balé e brincar com minhas bonecas. Eu me sentia cansada mental e fisicamente”.
Ela enfrentou esse quadro dos 8 aos 12 anos. Os pais tentavam ajudá-la, mas nada funcionava. Um dia, sua mãe, Daniela Geralda Dias Martins, levou-a a um culto da Igreja Internacional da Graça de Deus, e a história mudou. “Depois da reunião, contei ao pastor o que me afligia. Ele orou por mim, e nunca mais perdi o sono. Recuperei minha paz e minha vida”, afirma a jovem, integrante do ministério de louvor da IIGD.
Dicas para seu filho dormir bem
(Fonte: George Pinheiro e Laura Pires, estudiosos do Sono)
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Excelente matéria! Conteúdo relevante e muito bem escrito! Parabéns!