Agora, o mundo enfrenta a variante mais transmissível do novo coronavírus. Prevenção ainda é essencial
Amanda Pieranti
Apesar da queda do número de mortes e da ampla vacinação dos brasileiros, a covid-19 continua assombrando o mundo. Responsável pela maior parcela dos novos casos de infeção nos Estados Unidos e em parte da Europa, a variante delta, detectada pela primeira vez na Índia, segue em território nacional.
“Uma variante é o resultado de modificações genéticas sofridas pelo vírus durante seu processo de replicação. Justamente esse maior poder de transmissão tem preocupado”, alerta o infectologista Edimilson Migowski, doutor em Doenças Infecciosas.
Segundo ele, as vacinas estão longe de proteger 100% contra a delta. “As pessoas plenamente vacinadas também vêm adoecendo com a nova cepa. A boa notícia é que ela tende a ser de menor letalidade, e o quadro clínico do paciente se torna mais brando.”
No entanto, independentemente do grau dessa agressividade, é imprescindível manter os cuidados, necessários desde o início da pandemia, mesmo estando vacinado. “Conheço pessoas que negligenciaram a possibilidade de estarem contaminadas e, quando buscaram atendimento médico, evoluíram mal, algumas até morreram. Costumo dizer: orai, vigiai, vacinai e medicai. Vou ter fé, usar máscara, evitar aglomerações, tomar vacina e buscar ajuda médica, caso precise”, alerta o especialista.
REFORÇO DA VACINA
No Brasil, como enfrentamento da pandemia, o Ministério da Saúde iniciou um reforço na imunização contra a doença para idosos e imunossuprimidos. “Em pessoas de idade mais avançada, a covid é mais grave. A terceira dose é fundamental. Provavelmente, haverá a quarta, quinta, sexta e assim vai, pois os anticorpos dessa vacina não protegem durante muito tempo”, observa o infectologista.
SINAIS DA VARIANTE
Os sintomas da nova variante são semelhantes aos das anteriores, de acordo com Edimilson Migowski. Na presença de alguns deles, a orientação é buscar socorro médico logo. Fique atento se você apresentar alguns destes:
Conjuntivite, urticária, dor articular, dor de cabeça, sinais e sintomas respiratórios (dor de garganta, tosse, coriza), mal-estar, febre ou sensação térmica semelhante, diarreia, dor abdominal, alteração do olfato e paladar (bem característico, a partir do quinto dia de enfermidade).
Utilidade do oxímetro
O infectologista destaca a importância do oxímetro, aparelho para monitorar a respiração. “Da mesma forma que o doente perde os sentidos do olfato e paladar, perde a capacidade de se perceber com baixa de oxigênio.”
O especialista explica: “A saturação mínima é em torno de 95% ou mais, porém pode acontecer de ela estar em 80%, algo considerado bem grave, e a pessoa nem observar. O aparelho é essencial para o acompanhamento dessa enfermidade em casa”.
Ele lembra também que muitas pessoas, inclusive os vacinados, não apresentam sintomas. Mas, mesmo sendo assintomáticas, transmitem o vírus.
Cuidados devem continuar
As festas de final de ano se aproximam, e há muitos questionamentos sobre a possibilidade de se reunir em família e entre amigos. O infectologista acredita que tais reuniões são possíveis, desde que observados os cuidados essenciais a seguir:
Mudanças no estilo de vida – É preciso ter alimentação saudável, praticar atividade física, dormir bem, evitar estresse e drogas lícitas e ilícitas. “Isso tudo reforça a imunidade do indivíduo e faz com que, uma vez adoecendo, haja maior resposta imunológica para sair melhor da infecção.”
Cuidados diários – fugir de aglomerações, principalmente se estiver enfermo (ou se houver alguém com sinais de covid-19), evitar ambientes fechados, usar máscara, higienizar as mãos e manter o calendário de vacinação em dia.
Informação – manter-se orientado sobre sinais e sintomas da doença e procurar ajuda médica imediata, em caso de estar contaminado. “O ideal é impedir o agravamento do estado de saúde da pessoa”, esclarece o médico.
Outras recomendações
Não entre em casa calçado e tome banho ao chegar da rua. Independentemente da pandemia, é sempre mais higiênico fazer isso.
Use máscara de forma correta (cobrindo nariz e boca).
Higienize as mãos, lavando-as com água e sabão, e, quando não puder, esterilizando-as com álcool a 70%.
Limpe com o mesmo álcool, ou produto multiuso, celulares, chaves e maçanetas.
Para limpar óculos, anéis, cordões, brincos e relógios, use água e sabão ou álcool a 70%.
Lave as máscaras de proteção facial com água e sabão e coloque ao sol para secarem. Não é necessário passá-las, pois há o risco de desorganizar as fibras e gerar buraquinhos no tecido.
Deixe as sacolas plásticas sem uso por 24 horas ou coloque-as sob o sol, para inativar imediatamente o vírus.
Embalagens que chegam do supermercado devem ser higienizadas com álcool a 70% ou serem manuseadas após 24 horas sem contato com elas.
Fisioterapeuta lutou pela vida
O fisioterapeuta intensivista, Edivaldo José dos Santos Filho, conhece bem o drama de quem enfrenta a covid-19. Ele trabalha na linha de frente da doença e foi vítima dela. “Passei mal durante o plantão em um hospital. Comecei a sentir frio, e minha temperatura chegou a 39.9 graus.”
Afastado das funções, ele testou positivo para o novo coronavírus. No início, Edivaldo permaneceu isolado em casa. Porém, antes de terminar a quarentena, ele piorou. “Fiquei prostrado, cansado e sem apetite. Meu maior medo era contaminar meus pais, pois eles sempre estavam comigo.”
Apesar de não frequentar a IIGD, o fisioterapeuta buscou a Deus nesse período. “Minha mãe assiste ao Pr. Rogério Postigo [líder da Igreja da Graça no Rio de Janeiro], participa de orações e faz o propósito do copo com água. Ela sempre pregou e leu a Palavra para mim.”
Diante da piora no estado de saúde, Edivaldo retornou ao hospital, e o resultado da tomografia dos pulmões era preocupante. “Fui entubado no CTI. Meu comprometimento pulmonar chegou a 87%”.
Batalha árdua contra o mal
Ali começava a luta de Edivaldo pela vida. Foram 32 dias internados. “Quando soube que iria para o CTI, conversei com Deus e pedi que fosse feita a vontade dEle.”
Após 22 dias, os médicos decidiram iniciar a extubação [processo de retirada do tubo]. Entretanto, quando diminuíram o sedativo, Edivaldo não acordou e teve de ser traqueostomizado. Durante sete dias sem melhora no quadro, foi autorizada a visita da mãe dele, Vera Rodrigues Borges. “Antes de se aproximar do meu leito, ela lavou as mãos com a água consagrada ao Senhor, do SOS da Fé, e passou óleo ungido nas luvas de proteção.”
Ao chamar o filho pelo nome, ele acordou instantaneamente. “Foi uma emoção enorme ver minha mãe. O que eu mais queria era poder estar ao lado dos meus pais novamente! Família sempre foi tudo para mim. Nem o médico acreditou naquela melhora.”
Mais uma guerra
Devido ao longo período de internação, Edivaldo contraiu duas bactérias resistentes e, já sem a traquestomia, foi iniciado tratamento com três tipos de antibióticos. “As medicações eram feitas pelo acesso venoso, e minhas veias estouraram. Tive flebite nos braços. Mal podiam me tocar de tanta dor.”
Uma das médicas decidiu fazer um acesso central para ele continuar sendo medicado. “Minha mãe estava comigo no quarto, assistindo ao programa do Pr. Rogério Postigo naquele momento. Quando a doutora pegou o bisturi, ela segurou na minha mão durante a oração, e a médica concordou em orarmos com o propósito de Deus abençoar o procedimento. E deu tudo certo.”
Dois dias depois, Edivaldo teve alta para continuar o tratamento com antibióticos em casa. “Perdi 18 quilos na internação e deixei o local em uma cadeira de rodas. Mas saí vivo e pude reencontrar meu pai. Foi emocionante”, recorda-se. Após 34 dias, ele teve alta do tratamento, estando curado.
Atualmente, o fisioterapeuta está totalmente recuperado em sua capacidade respiratória. “Minha disposição voltou ao normal. Faço pilates e não sinto cansaço.”
Um profissional melhor
Edivaldo faz questão de ressaltar o aprendizado proporcionado pela doença. “Sempre tive a visão do lado profissional. Agora, entendo: preciso disponibilizar um carinho maior para os doentes. Eles estão ali, sem poder falar, e precisam de atenção. Tornei-me um profissional melhor”, acredita.
Oração de mãe
“Meu filho é um milagre. Durante um tempo, ele não reagia, e o médico falava: ‘Seu menino não desperta’. Ele me dizia para eu ter esperança, mas eu chamava de fé em Deus. Um dia, desesperada, assistindo ao Fala, Amigo!, o Pr. Rogério Postigo pregou sobre Efésios 5.14, que diz: Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos. Ali, segurei minha bênção. Em seguida, o médico me deixou ver o Edivaldo no CTI. Na verdade, acho que foi uma forma encontrada pelo profissional para eu me despedir do meu filho. Mas, lá no quarto, ungi meus pés e minhas mãos e disse: Edivaldo, Jesus Cristo lhe dá saúde. Acorde, meu filho!. E ele virou o rosto para mim e acordou. Depois, ele enfrentou as bactérias. Pedi ao Senhor que enviasse anjos para arrebentar os grilhões que ainda o mantinham no hospital. Muitas vezes, vinha o medo de perdê-lo. Porém, sempre acreditei na presença de Deus comigo, e, a cada momento, Ele respondia às minhas orações. Eu lia a Bíblia, orava sem cessar e fazia o propósito da água consagrada. Foi uma guerra, mas o Senhor nos deu a vitória. Ele guerreou ao meu lado, e triunfamos. Sozinha, seria impossível.”
Vera Rodrigues Borges dos Santos, mãe de Edivaldo
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O cuidado é essencial, precisamos nos prevenir e seguir em frente, ter bom ânimo e crer que , assim como Cristo, nós venceremos!